sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

univitelinas

questiono a sanidade daqueles que me vem orar a respeito de almas gêmeas.
o que lhes faz pensar que, ainda que existam, tais parentas estejam ambas encarnadas, e não só isso, encarnadas em humanos, de idades plausíveis, e num raio físico-cronológico próximo.
que lhes faz pensar que nem o humor oscilante, nem o café na camisa, nem a pressa, nem a outra irá impedí-las de encontrarem-se?
como é cômodo acreditar que almas gêmeas jamais seriam incompatíveis, jamais seriam...
aqueles dois sujeitos ali que, ao passarem um pelo outro, apressados e mal humorados com a garoa que lhes desalinha os cabelos, apaixonam-se de cara, um pelo terno de tatuagens mal escondidas, outro pelo piercing do queixo que se intimida entre a barba rala.
no meio das letras do pensamento, um não passa de uma vírgula para o outro e, acabam, mutuamente, por deixarem-se escapar pelos dedos e agora-já-foi.
e quem irá, um dia, provar que eles não eram?

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