quinta-feira, 31 de março de 2011

hermética

não há placa indicando para que lado ir. não há protocolo. eu não assino em lugar nenhum. sou toda sentidos. nem o corpo responde mais. é como se a mente fosse auto-suficiente. faço fotossíntese, entro em combustão espontânea. mas ainda estou aqui. sentindo e sentindo e me permitindo sentir. dói, mas é melhor que nada.

quinta-feira, 17 de março de 2011

para gisele

o ar é um trauma.
ao entrar pela primeira vez em pulmões delicados, afoga.
asfixia.
o ar que antes de inundar as visceras assusta,
e depois torna-se indispensável.
assim é ela.
uma brisa fresca.
a brisa que faz girar seus cataventos coloridos.
a respiração que eu sinto por entre máscaras diformes.
seu sopro, que leva ao limite a fina camada de chiclete, deixando transparecer a sua boca.
deixando transparecer a sua alma.
eu a enxergo em cada pedaço açucarado de vida, em cada garfada de seu parco apetite.
eu a enxergo com sua sensualidade infantil, com seus dilemas.
eu a enxergo por entre lentes.
ela me enxerga por entre lentes.
ela registra por entre lentes.
eu a registro.

aqui

hoje faz um mês.
um mês tão maluco, tão corrido, tão incrível, que parece um ano.
há um mês minha vida se encheu de cataventos e novos ares.
minha casa se encheu de esqueiros, risadas e pessoas extraordinárias.
minha mente se encheu de idéias.
e meu espírito de ímpeto.

quarta-feira, 9 de março de 2011

petit

sempre achei as letras maiúsculas grosseiras, dominadoras em demasia.
um chamar-atenção arrogante, desnecessário.
por isso escrevo pequeno.

terça-feira, 1 de março de 2011

os melhores homens com quem já fui pra cama - e algumas mulheres.

hermann, o hesse, certamente foi um deles. calmo e transcendental.
suas palavras são mantras, são lúdicas. uma viagem estar com ele.
o velho bukowski, pornográfico e libertino, me conquista pela fina vulgaridade.
pela falta de pudor...de bom senso, até. como não amá-lo?
então vem carroll com suas idéias lisérgicas, seu colorido monocromático, sempre me escapando pelos dedos.
edgar a. poe coloca um pouco de violência na minha cama. terror psicológico. o quarto cheira mistério e eu sempre me entrego.
luke rhinehart é platônico, e talvez por isso seja meu preferido.
carpinejar, o sedutor burocrático... palahniuk, o esquizofrênico...huxley, leminski.
só para citar mais alguns.
quando me canso deles chamo clarice.
sua delicadeza bruta me domina e inspira. tenho noites inesquecíveis com essa mulher.
com florbela o buraco é mais embaixo. mais metódica, sua fluidez romântica por vezes me engole, mas ainda me fascina.
nem toda masturbação é física.