quinta-feira, 23 de outubro de 2008

como uma luva

eu me lembro de você ter falado
alguma coisa sobre mim
e logo hoje, tudo isso vem à tona
e me parece cair como uma luva
agora, num dia em que eu choro
eu tô chovendo muito mais do que lá fora
lá fora é só água caindo
enquanto aqui dentro, cai a chuva

e quanto ao que você me disse
eu me lembro, sorrindo
vendo você tão sério
tentar me enquadrar, se sou isso
ou se sou aquilo
e acabar indignado, me achando totalmente impossível
e talvez seja apenas isso:
chovendo por dentro
impossível por fora

eu me lembro de você descontrolado
tentando se explicar
como é que a gente pode ser tanta coisa indefinível
tanta coisa diferente
sem saber que a beleza de tudo
é a certeza de nada
e que o talvez torne a vida um pouco mais atraente

e talvez, a chuva, o cinza,
o medo, a vida, sejam como eu
ou talvez , porque você esteja, de repente
assistindo muita televisão
e como um deus que não se vence nunca
o seu olhar não consegue perceber
como uma chuva, uma tristeza, podem ser uma beleza
e o frio, uma delicada forma de calor

baleiro.lobão

Um comentário:

Anônimo disse...

dá-lhe lobão!